Álvaro de Castro "Jovem Turco" da República

Álvaro de Castro "Jovem Turco" da República

Ana Catarina Pinto

Assembleia da República

2014

240

Dura

Português

9789725566121

670

Álvaro Xavier de Castro (1878-1928), advogado e militar de formação, foi uma figura importante da política institucional do primeiro regime republicano português. Filho de José de Castro, um “histórico” do Partido Republicano Português, aprenderia em casa o credo político que professaria a vida inteira. Enquanto estudante, desde o Colégio Militar até à Universidade de Coimbra, os colegas recordá-lo-iam pela facilidade com que desenhava e pelo humor com que retratava professores e alunos. Colaborou ativamente com revistas de crítica de arte e literatura, manifestando outra das facetas que aqueles que o acompanharam rememorariam – o seu estudo e cultura. A partir dos anos de Coimbra, começamos a encontrá-lo envolvido nas conspirações republicanas, desde logo, na greve académica de 1907. Os primeiros momentos da arquitetura do novo regime contariam com a sua participação, iniciada como membro do gabinete do ministro da Guerra do Governo Provisório e como deputado eleito às Constituintes. Nesta fase inicial, Álvaro de Castro integrava o grupo dos chamados “jovens turcos”, todos militares surgidos em torno do ministro Correia Barreto e defensores da purga política do exército. Em 1913, encetou a sua carreira ministerial, quando aceitou a pasta da Justiça do primeiro governo liderado por Afonso Costa. Membro de destaque da ala democrática do Partido Republicano Português, colideraria revoltas armadas contra duas importantes experiências ditatoriais, a de Pimenta de Castro (1915) e a de Sidónio Pais (1917-1918). No intervalo, foi governador-geral de Moçambique e comandante das tropas portuguesas na fronteira da então colónia, contra os alemães, durante a Grande Guerra de 1914-1918. Deposta a República Nova e retomada a normalidade constitucional em 1919, começaria um novo tempo para o regime, pleno de novos desafios e equações políticas. Nelas, Álvaro de Castro ocupará um lugar de destaque, como líder partidário e chefe do executivo. As experiências partidárias foram pouco duradouras desde a sua dissidência do Partido Republicano Português, em 1920, mas foram significativas. Formou o Partido Republicano de Reconstituição Nacional (1920), agrupamento considerado do centro político e que se fundiria com o Partido Liberal para uma formação conservadora, em 1923, o Partido Republicano Nacionalista, apenas para abandonar estas fileiras no final do ano e se apresentar como independente e chefe do governo. A sua breve passagem pela liderança do executivo (1923-1924), de apenas seis meses, foi das mais influentes no curso da história da I República portuguesa, protagonizando Álvaro de Castro algumas medidas que radicalizaram o contexto da luta política, clarificando os seus termos. Com o advento da Ditadura Militar, em 1926, exilou-se em Paris, onde continuou a bater-se pela reposição de alguma ordem democrática junto dos seus antigos correligionários do Partido Republicano Português. Além da atividade na Liga de Paris, retomaria a colaboração com os jornais, escrevendo, entre outros temas, artigos de crítica literária e artística para sobreviver. Doente, família e amigos pediram o seu regresso ao país, o que lhe foi autorizado. Morreria pouco tempo depois de passar a fronteira, num país diferente daquele pelo qual lutou.
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Parlamento, oradores, discursos, política